José Pires Alvim
Jornal "O
Atibaiense" - Renato Zanoni |
Ano de 1950
José Pires Alvim
Zezico Alvim nasceu em Atibaia no ano de 1902,
filho do Major Juvenal Alvim, grande chefe político desta terra – descendente do
sertanista e bandeirante Jerônimo de Camargo: que demarcou nossos limites no
sertão de Juquery – onde deu seus primeiros passos e passou sua infância.
Ingressou no Grupo Escolar José Alvim em 1910, onde tomou seu primeiro caderno
de estudos, tendo como mestres o renomado Monsenhor Kohly e o professor Arruda.
E em nossas ruas se entregou nas primeiras traquinagens de menino.
No Colégio Arquidiocesano de São Paulo – na Avenida Tiradentes em1915 –
destacou-se pela excelente disciplina e desenvolveu seu espírito generoso. Mas,
abandonou os estudos formais ( em 1919 ), e voltou para sua terra para se
dedicar ao comércio sob os ensinamentos do pai. A família já possuía fazendas e
industriava o beneficiamento de café.
Em 1924 contraiu núpcias com a senhorita Rita Lourdes Cardoso de Almeida,
professora formada em São Paulo.
Foi um dos fundadores da Vila São Vicente de Paula que deu amparo aos combalidos
na velhice, e em 1925 fundou a banda musical.
Ao eclodir a Revolução Constitucionalista de São Paulo em 1932, Zezico Alvim foi
um dos primeiros voluntários a se apresentar. Seguiu para o Vale do Paraíba com
o Batalhão do Colégio Diocesano, lutando ao lado de seus amigos e conterrâneos,
ocasião em que ficou estacionado na defesa do famoso túnel com Jacintho
Silveira, Zé Passarinho, Pedro Florido e muitos outros. Recebendo medalhas de
honra por valorosa atuação.
Quando terminou a Revolução – regressou entre os grupos – e com novo ânimo
novamente dedicou-se aos trabalhos com seu pai.
Alguns anos depois sofreu o abalo, na morte de seu pai – com toda a comunidade
atibaiana – seu mestre nos negócios e na política.
Em 1946 Zezico Alvim recusou a candidatura a deputado, porém seu irmão Joviano
foi eleito na Primeira Constituinte, e ele teve que exercer o cargo de Diretor
Tesoureiro do PSD, por oito anos seguidos, sempre declarando que ficava na
política por insistência de seu irmão. Nas eleições de 1947 foi eleito o
vereador mais votado do PSD. Eleito vereador novamente foi Presidente da Câmara
em 1955, e em1959 foi eleito novamente vereador.
Após o término dessa Legislatura, deixou a carreira política, sob protestos dos
correligionários. Mas não capitulou aos pedidos, e livre dos compromissos
políticos, dedicou-se só aos seus negócios, intensificou sua atuação nas obras
beneméritas. Foi Provedor da Santa Casa se ombreando com Oswaldo Barreto, e com
os amigos dedicados ao bem público: José Alves do Amaral ( pai de Ana Maria
Amaral Alfonsi ), Vinicius Chiochetti e muitos outros na construção do Hospital
São José, Maternidade e a Capela de São José e benemérito colaborador do Lar
Mariquita Amaral no amparo de crianças pobres. No folclore dessa terra colaborou
mantendo a Congada da Fazenda São Sebastião. Estimulou o Cine República – de sua
propriedade – procurando contratos de cinema com os melhores estúdios da sétima
arte. Colaborador e incentivador de João Batista Conti na realização e criação
do Museu Municipal,onde no grande salão vemos a sua fotografia na galeria dos
políticos.
Homem social de temperamento alegre e comunicativo, atuava com ardor nos leilões
da Matriz de São João Batista, nos felizes dias de São Sebastião. Religioso
integrado na Irmandade do SS. Sacramento.
Sempre envolvido nos problemas de educação dessa terra, colaborou na criação de
escolas: Escola Estadual Major Juvenal Alvim, Escola de Comércio Gertrudes Pires
Alvim.
Por seus méritos recebeu as comendas: Ordem do Mérito Rural da Sociedade
Geográfica Brasileira, Medalha de honra do Lions Clube, Placa de Prata de Irmão
Benemérito da Santa Casa de Misericórdia.
Faleceu aos 24 de dezembro de1979, foi sepultado sob o pranto do povo da terra
que tanto amou – ATIBAIA.
“De Zezico guardo boas lembranças e carinho nas prosas roubadas na rua. Numa
tarde quando eu passava pelo Bar Seleta e Zezico tomava café em companhia de Nhá
Júlia
Minduizeira, ele me chamou. Perguntou porque eu tinha recusado sair na Procissão
com a bandeira da Congregação Mariana. Respondi: a bandeira está encardida e
comida de traça, estamos fazendo uma campanha para comprar uma nova. Zezico
então falou: para a campanha eu compro uma bandeira nova na semana que vem!”
O
presente para a nossa Irmandade foi motivo de júbilo. Era de faile encorpado, o
pau da bandeira era cromado. Minha irmã Maria confeccionou um tipo de fronha ,
de brim, para guardá-la.
Assim era ele, cuidava das grandes coisas e das pequenas.
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