Entrevista com Dra Lucila
Mary Hashimoto
Perfil
Nome
: Lucila Mary Hashimoto
Natural
de Lins, São Paulo
Idade : 51 anos
Formação/Especialidade: graduada em
Medicina pela Universidade Estadual de São Paulo, com especialidade na área de
Pediatria.
Família: mãe de uma garota
maravilhosa, em fase de preparação para área médica, filha de pais japoneses,
que me educaram com bases na filosofia oriental,
mas com o orgulho de ser Brasileira; neta
de uma brilhante enfermeira da Cruz Vermelha, e de um
adorável escritor de Haikais que amava
cultivar orquídeas.
SAÚDE NA CIDADE
AM - Como a senhora vê a saúde na cidade de Atibaia?
Poderia fazer uma breve avaliação das clínicas, hospitais públicos e
particulares em geral?
LH. Não sei se posso falar com muita
propriedade de outros serviços na cidade, mas posso dizer que me considero uma
pessoa muito privilegiada por trabalhar em um local como o Hospital Novo
Atibaia, que oferece um serviço médico de qualidade, comparável aos melhores de
São Paulo, e preocupado em oferecer sempre o melhor para a população de Atibaia
e região. Tenho
amigos trabalhando em clínicas particulares, na rede publica, na Santa Casa e no
Hospital Albert Sabin e sei que os problemas que enfrentamos na área de saúde
são praticamente os mesmos, em maior ou menor grau: a falta de recursos, mas
também acredito que existe um esforço e empenho de todos nós em estarmos
melhorando a qualidade do atendimento oferecido a toda essa população com quem
atuamos.
AM - Em especial, pode dar uma idéia da situação da Santa
Casa de Misericórdia, principal possibilidade de atendimento da população menos
favorecida?
LH. A Santa Casa de Atibaia é de
fundamental importância para o atendimento da população não só de Atibaia como
da região. Infelizmente a
realidade da Santa casa não é diferente do que se vive em saúde no Brasil, mas
sei que a nova administração tem se empenhado muito nas melhorias do serviço.
Acredito também que as melhorias de todas as condições tanto sociais como de
saúde do município dependam muito das nossas ações e do nosso envolvimento.
AM - Ainda existe a procura pelo atendimento médico nos
grandes centros como Campinas ou São Paulo, ou o atendimento local supre as
necessidades da população?
LH. Na verdade a grande maioria dos
problemas de saúde tem como serem resolvidos aqui no município.
A nossa assistência média é de qualidade, mas infelizmente
pecamos pela quantidade de pacientes que
podemos atender.
Os grandes centros estão capacitados e equipados para o atendimento mais
especializado e é o que deveria atender, mas também está saturado porque a
população infelizmente acredita mais na tecnologia do que no medico em si,
talvez também por nossa culpa.
Se tivéssemos uma disponibilização maior de recursos para a contratação de uma
maior quantidade de pessoal qualificado, o atendimento a população seria melhor
e toda essa demanda seria menor.
AM - Como a senhora avalia o governo Beto Tricoli em
relação à saúde?
LH. O governo Beto Tricoli teve o mérito
de ter uma Secretaria de Saúde com grande experiência em SUS e também muito
envolvida e empenhada na melhoria
das condições de saúde do município, tem uma equipe eficiente e que soube
trabalhar muito bem com os poucos recursos financeiros
que dispõe.
AM - Sobre planejamento familiar, a senhora tem observado
um comportamento mais consciente?
LH. Atualmente, devido as necessidades que as pessoas criaram para si em relação
aos bens materiais ficou muito difícil criar muito mais filhos. Antigamente se
privilegiava as pessoas, o convívio, o ter amigos, se envolver com as pessoas,
não se tinha tanto necessidades materiais, ter tênis da moda, roupas,
eletroeletrônicos, não se tinha tanto apelos materiais, se privilegiava o estar
junto, conversar, trocar experiências, havia mais cumplicidade e menos
competição. Parece que as pessoas hoje em dia dispõem de menos tempo, inclusive
para planejar e manter uma família.
AM - Quantas crianças em média a senhora atende por mês?
LH. Tenho a alegria e a felicidade de
trabalhar com cerca de 470 crianças por mês.
AM - Como pediatra e como mãe, o que a senhora recomenda em
aspecto geral para um desenvolvimento físico, psicológico e alimentar
saudável de uma criança?
LH.Esta pergunta é realmente muito
complexa e daria para transcrever vários capítulos de livros de medicina para
respondê-la, mas resumindo, recomendaria mais amor, mais atenção, mais carinho,
mais dedicação aos filhos. Ter pais “próximos”, no sentido mais amplo da
palavra, pais mais fisicamente presentes, oferecendo diariamente bons exemplos é
o mais importante para todo o desenvolvimento de qualquer Ser Humano.
AM - Dizem que os filhos vêm sem manual. A senhora acha
válido buscar informações em algum tipo de publicação como a do Dr. Rinaldo de
Lamare? A senhora indica alguma referência bibliográfica desse tipo? E na
Internet? Há algum site que a senhora aconselhe?
LH. Atualmente, com toda a tecnologia, e
oferta de informações, podemos ter acesso fácil a textos dos mais variados, mas
infelizmente também temos facilidade de acesso a muita coisa dispensável, e se
não soubermos filtrar esta literatura toda, corremos o risco de estarmos
inadequadamente informados.
Devemos procurar por publicações na área de saúde ligados a órgãos credenciados
e com respaldo técnico, como os da sociedade brasileira de pediatria (www.sbc.org.br),
da sociedade brasileira de medicina
(www.sbm.org.br) , e os sites ligados a
órgãos governamentais como o www.saude.gov.br,
www.fundasa.gov.br,
etc.
AM - Hoje em dia a multiplicidade dos papéis femininos vem
crescendo. As mães trabalham fora, muitas vezes são mãe e pai ao mesmo tempo.
Também há pais que criam seus filhos sozinhos. Enfim a diversidade das famílias
está se instalando. Como a senhora vê o aspecto emocional das crianças nesse
sentido? E das mulheres em especial?
LH. Acredito que só o “valor humano”
pode criar seres humanos melhores, e para se obter estes valores, precisamos de
exemplos próximos e amorosos. Quando se vive em harmonia, quando se está feliz o
aprendizado é muito mais efetivo, e as crianças que vivenciam isso são as que
mais se beneficiam. Formar famílias felizes, independente se os pais já passaram
por experiências não desejáveis, é fundamental.
As mulheres Mães já são especiais. Ser mãe é ser especial!!! A grande
maioria das mães não tem idéia do poder que lhes é destinado. Quando se é Mãe,
se tem o privilegio de poder “preparar gente” dentro de si e com isso a
possibilidade de poder interferir no futuro até da humanidade, e isso é
fantástico!
AM - Além de se dedicar à maternidade e à pediatria,
a senhora é presidente da ONG “Consciência Solidária”. Onde busca energia para
realizar com eficiência tantas tarefas?
LH. Me considero uma pessoa
privilegiada. Tenho uma família maravilhosa, que me deu as bases e a educação
que tenho hoje, e que me dá o maior apoio em tudo que faço.
Sou também imensamente grata a todos os meus “amigos professores” que me
ensinam a cada dia e me estimulam a crescer, tanto profissionalmente como
pessoalmente.
A ONG, na verdade é formada por um conjunto de amigos maravilhosos envolvidos em
um bem comum: ajudar o próximo através do exercício da cidadania. Todos nós
sonhamos em ter um mundo melhor, e procuramos fazer algo para que isso possa
acontecer, mas acima de tudo acreditamos que nossas ações possam fazer a
diferença.
Na verdade, toda energia vem da união de todas essas pessoas maravilhosas com
que tenho o privilegio de conviver.
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